Acabou....

Uma doença hereditária não é algo raro de acontecer. Muitas vezes um pai transmite ao filho um vírus que carregou por anos. Na grande maioria das vezes ela não tem cura. A família então aprende a conviver com isso, tentando controlar o ambiente para que tal fato seja o menos traumático possível.

Quando eu nasci, meu pai me passou um vírus que já carregava consigo. Ainda na infância eu já sabia bastante sobre a doença, mas os primeiros sintomas apareceram somente na adolescência: Dores no corpo, taquicardia, hematomas, esfoliações, sensação de cansaço, frio, calor, suor excessivo, algumas noites sem dormir.

Com o tempo, o vírus vai se fortalecendo, e se faz necessário o uso de mais medicamentos, mais aparelhos, os melhores equipamentos para que a doença se mantenha controlada. O tratamento passa a ser feito em diferentes lugares.

É um vírus tão forte, tão poderoso, que pode levar à morte se não for muito bem administrado. Um vírus que acaba contaminando vizinhos, amigos, parentes, e se propaga muitas vezes em uma simples conversa. Pode ser que pule uma geração, porém, pode contaminar várias delas de uma só vez.

Eu aprendi a conviver com essa doença, e me sinto bem. E independente do preconceito ainda existente na sociedade, aqueles que possuem tal vírus se uniram e dividem as experiências uns com os outros de como isso afeta nossas vidas, e a de todos que nos cercam. E tentamos juntos progredir, sempre prezando pela saúde e bem estar de todos os envolvidos.

Hoje, aos vinte e oito anos eu admito: Quando meu filho, ou mesmo minha filha nascer, espero, sinceramente que eles tenham a oportunidade de carregar no sangue o mesmo vírus que meu pai me passou. Pois o vírus do motociclismo é algo extraordinário, e inexplicável, e somente se contaminando você conseguiria entender o que eu quero expressar quando digo que se o caminho é muito melhor do que o destino, não importa onde vamos chegar, o importante é sair.


Valeu Xiquim pela força.



PS: O blog agora volta às suas inutilidades costumeiras.