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TALISMÃ

Fui comprar um presente. Era pra uma pessoa especial, chegada nessas paradas de misticismo, feng - chui, esoterismo, uma fã de Paulo Coelho.
Não fazia idéia de onde começar, graças a um semáforo, descobri uma lojinha que vende uns trem desses, pertinho da minha casa.

Ao entrar ao local me deparei com um cenário que eu já esperava, e que considero padrão para esses lugares: fedô de incensso impestiando tudo, mil e um badulaques (todos a espera de um esbarrão da minha mochila assassina), umas pedras, umas imagens e mais incensso.
A dona do local, uma senhorinha. Na verdade, senhorinha é bondade, era uma dessas véia, metidas a simpaticas saca?

Como eu não faço a mínima idéia da diferença entre Feng - Shui, Tai CHi, e Cheech & Chong (ok, esse último eu sei sim), escolhi um presente que eu achei bonito, e cai na besteira de perguntar se aquilo tinha um significado.

Aquela mulher abriu um sorriso maquiavélico, o olhar foi tomado por um brilho estranho, e todo aquele corpinho miúdo cresceu de maneira inexplicavel. Paralelo a isso, minha espinha estremeceu, meu corpinho diminuiu, e eu, na mesma hora que fiz a pergunta a velha, já comecei a me indagar como pude ser tão idiota, como caí nessa cilada, algo imperdoavel, mas que eu não queria de forma nenhuma pagar o preço de tamanho vacilo!!

Imaginem vocês que esse tipo de gente, lê trocentos livros, que, ao mesmo tempo que dizem tudo a mesma coisa, e também não diz nada. Vão em cursos de segunda a sexta, pra entender oque vai acontecer com o planeta e com o astral do mundo quando jupter estiver alinhado com a terra na noite de núpcias do sobrinho do Augusto Pinochet, enfim, essa mulher era um poço de sabedoria de nada que me interessasse. Essa mulher estava a dias, semanas, quem sabe meses, apenas esperando que alguém fizesse essa pergunta, assim todos os livros e cursos, não seriam em vão, ela ia libertar todas aquelas palavras inuteis do fundo da sua alma, ia fazer com que algém desse continuidade em todas as baboseiras que só ela sabia, bastava ela vomitar aquele vocábulário esotérico.

E ela começou... disparou a falar da putaqueparilidade entre a sinergia e a sinestesia que o trigo leva através dos ventos que, vindos das montanhas dos alpes, podem levar toda a energia ecumênica a pessoa que tiver aquilo em mãos.
Tentou me explicar qual foi a origem e relação que o grão tinha com o sapo da juréia que, um dia, esteve entre a conversa de Cheeva com Onassis.

Enfim, aquela ladainha começou a travar minha cabeça, e não houve bocejos, espreguiçadas e "ahãms" que dessem um fim nessa conversa. Procurando por qualquer escapatória, larguei mão de um aparato que sempre resolve esse tipo de problemas. No meio da loja, que no começo parecia bonitinha, mas que agora, embaixo da enxurrada de palavras daquela bruxa, mais parecia o cénário de um filme de terror, coloquei meu paieiro na boca e comecei a riscar o isqueiro.

Véias tem medo de paieiro...normalmente, lembram do ex marido que ou já morreu ou já largou delas devido a tagarelagem sem fim. No momento que saiu a primeira baforada, a situação se invertei, voltei a crescer, a velha perdeu a aparência de bruxa, e o olhar que antes eram de chamas, agora eram de lágrimas, e a única coisa que ela conseguiu balbuciar foi: "você vai fumar aqui?"

"Apenas enquanto escuto essa maravilhosa história, minha senhora". Bastou! A velha, lembrou de um compromisso, o gato (que eu esqueci de citar, mas que andava por lá, me assustando) sumiu, tudo melhorou. Peguei meu presente e vazei dali, antes que essa velha me rogasse um feitiço.

1 Comentário:

Canesin disse...

kkkkk......